8 de jan. de 2012

Reforma ortográfica gera desacordos em Sorocaba

Jornal Bom Dia
Fernanda Ikedo
 



Professoras dizem que mudança não traz melhoras na língua e apenas beneficia a indústria da editoração Fernanda Ikedo


 
Professores de português de Sorocaba não enxergam com bons olhos a reforma ortográfica que já está em vigor desde o dia primeiro deste mês. “Eu não vejo como ela pode contribuir com a melhora da nossa língua, que já tem uma sonoridade poética. Não são alterações em acentos que vão fortalecer ainda mais a Língua Portuguesa”, destaca Myrna Atalla Senise, 67 anos, que além de professora é membro da Academia Sorocabana de Letras.

A discussão entre linguistas brasileiros é polêmica, assim como em Portugal e em alguns países da África, onde a reforma também não é consenso. Alguns teóricos concordam que essa mudança torne o idioma mais forte no mundo, pois o discurso para que a reforma acontecesse foi justamente o da unificação do idioma.

Para a professora de literatura Miriam Cris Carlos, 43, a questão gira em torno do mercado editorial. “Para as editoras é boa a reforma porque um material produzido em Portugal pode ser utilizado no Brasil.

Por outro lado, o escritor português Saramago sempre exigiu que seus livros fossem publicados aqui com a escrita de Portugal e ninguém deixou de entender Saramago por causa da grafia”, diz Miriam.

Na visão das professoras, a diversidade linguística é uma riqueza. “As influências que nossa língua recebeu são diferentes das influências de Portugal, com o Tupi, por exemplo”, ressalta.

Visão de estudanteJovens que estão começando a caminhada acadêmica não sentem tanto estranhamento com a mudança. “Estudei por apostila e não estou encontrando dificuldade pra estudar”, diz Camila Andrade de Oliveira, 19 anos. Mas Mariana Paboa Rodrigues, 16, que faz o Ensino Médio e Técnico em Nutrição e se prepara para o vestibular do curso de Agronomia. Ela diz que estava acostumada em colocar acento na palavra ideia e agora, se policia para não errar.
De fato, a mudança já está feita, sem opção.


De regra à exceçãoA professora de português e membro da Academia Sorocabana de Letras Myrna Atalla Senise, 67, afirma que tirar os acwntos agudos das paraxítonas terminadas em oi /eu, por exemplo e não tirar das oxítinas não segue uma regra. “Passa a ser uma exceção”, afirma.

Mercado editorialPara a professora Miriam Cris Carlos, 43, houve uma explosão de títulos no mercado editorial sobre as mudanças ortográficas. “Tudo superficial, não diz nada além da reforma que pode ser facilmente obtida na internet”, diz.

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