Depois de muitos anos de tentativa, Louis Mande Daguerre em 1839 cria a pequena caixa de madeira (maquina fotográfica) e realiza um grande sonho. A partir deste momento o homem passou a dar um grande passo no avanço e na modernização. O primeiro passo já havia sido dado, as imagens não se perderiam mais no tempo, agora ela pode ser guardada em um pedaço de papel, você passa a ver quem já se foi e você não conheceu, lugares que você esteve se tornam inesquecíveis com a fotografia. De todas as manifestações artísticas, a fotografia foi a primeira a surgir dentro do sistema industrial.
O Deficiente Visual vai apreender a passar para o papel, através da maquina fotográfica, a forma que ele enxerga o mundo que o cerca. Usando técnicas onde ele será guiado pelo som, será auxiliado por quem está sendo fotografado e também pode usar a técnica onde ele encosta a máquina na pessoa a ser fotografada e dá alguns passos para trás.
O curso é destinado a Deficientes visuais a partir de 16 anos, tem a duração de 6 semanas, onde o aluno apreenderá noções básicas de uso da câmera e passará a dar enfoque aos sentidos que queira privilegiar: tato (retratos, detalhes, superfícies); olfato (recortes olfativos da realidade); audição (recortes de sons).
O jovem Antonio Walter Barbero é um dos participantes que aceitou o desafio de fazer fotografias, mesmo sendo cego. Ele é estudante de Jornalismo. "A falta de visão não me pode excluir de tudo", diz, "a fotografia talvez possa ser uma ação mental, um pretexto para a reflexão". Barbero fala cinco idiomas, já viajou por todo o mundo, mas viu na fotografia a realização de um grande sonho, quando pela primeira vez pode fotografar sua avô, que é a sua grande paixão.
De acordo com Miriam Cris Carlos, "o que se pretende é discutir os conceitos de imagem, não desprezando o que possa ser a imagem para um portador de deficiência visual". Miriam acredita "na possibilidade de que um cego possa recortar a realidade a partir de outros sentidos, registrando-a na película fotográfica. Embora ele não possa conferir esse recorte, para nós, receptores, ele existirá como fotografia, e talvez nisto esteja a possibilidade de compreendermos melhor como o mundo é percebido por este deficiente visual".
Werinton observa que, "pensarmos em um cego fotografando pode parecer, no primeiro momento, algo inconcebível", mas o que o faz acreditar nessa possibilidade é o fato de um portador de deficiência visual ter mais aprimorados outros sentidos como o olfato, o tato e o paladar.
Até hoje a fotografia é algo que apaixona a qualquer pessoa, e até então se pensava que só se poderia fotografar com os olhos. Mais não é bem assim! Um projeto criado na cidade de Sorocaba (100 Km de São Paulo/SP), ensina o deficiente visual a fotografar e passar para o papel aquilo que os olhos não podem ver, mas o que a sua imaginação cria. O fotógrafo Werinton Kermes e a semioticista Miriam Cris Carlos coordenam o projeto fotográfico "O outro olhar: fotografando com o corpo", voltado a pessoas portadoras de deficiência visual
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