15 de dez. de 2009

Olhar diferenciado - Deficiência visual não impediu que sorocabano se tornasse fotógrafo

Notícia publicada na edição de 15/12/2009 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 1 do caderno B - 
Telma Silvério


Aos 16 anos de idade, quando pegou a câmera para fotografar pela primeira vez, o sorocabano Antônio Walter Barbero, de 28 anos, conhecido como Teco Barbero, não imaginava que um dia seria fotógrafo profissional e muito menos que participaria de uma campanha publicitária focada na deficiência física. Teco é portador de deficiência visual e atuou voluntariamente, a convite de uma agência de São Paulo, como coadjuvante numa propaganda institucional da Associação Desportiva para Deficientes (ADD), veiculada em jornais, revistas, internet e em canais pagos. O comercial de trinta segundos foi gravado em maio, numa agência de publicidade de São Paulo. Mas começou a ser divulgado em setembro. Inicialmente, sua participação se limitaria a uma aparição rápida, uma sombra apenas, mas o idealizador da propaganda decidiu uni-lo a um cadeirante, jogador de basquete. Após vários cliques, Teco surpreende ao entrar em cena para medir a luz e depois retomar a posição de fotógrafo profissional. Na campanha, disse ter feito uma das mais trabalhosas, mas também uma das melhores fotos. ¿Consegui pegar o movimento da bola no ar e o cadeirante¿. Teco contou que o mote da campanha é que ¿um deficiente pode fazer qualquer coisa¿. A arte de fotografar utilizando teoria e prática foi aprendida em 2002, num curso de seis meses, por meio do projeto fotográfico voltado a pessoas portadoras de deficiência visual, coordenado pelo fotógrafo Werinton Kermes e pela semioticista Miriam Cris Carlos. O curso foi paralelo ao de Jornalismo, na Universidade de Sorocaba (Uniso). Teco, que trabalha como editor de uma revista interna da Faculdade de Engenharia de Sorocaba (Facens), falou da importância da fotografia como agente de inclusão. ¿Uma oportunidade do deficiente mostrar como vê as coisas com outros sentidos que não a visão¿, finalizou. Assim como Teco, o esloveno Evgen Bavcar, naturalizado francês, começou a fotografar aos 16 anos de idade. Reconhecido pelas fotografias que produz, o artista constrói as imagens fotografadas através de relatos de pessoas que enxergam as fotos. Bavcar ficou cego aos 12 anos de idade, após dois acidentes. Uma queda o deixou cego do olho esquerdo. Meses depois, a explosão de uma mina de guerra, cegou o direito. Quem quiser conferir o filme de Teco, anúncio impresso e making off da propaganda pode acessar o site www.add.org.br.

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