Notícia publicada na edição de 14/03/14 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 005 do caderno C
http://www.cruzeirodosul.inf.br/materia/536394/professores-da-uniso-lancam-livro-sobre-comunicacao
A
comunicação que vem das periferias da cidade, sob a forma de música,
grafite e manifestações a partir das redes sociais também é comentada
neste trabalho - Divulgação
Temas da contemporaneidade como o uso das
redes sociais, o trânsito nas cidades, a arte urbana, entre outros que
fazem parte da vida cotidiana das pessoas, constam no livro Cidade e
comunicação: a miopia sobre o mundo e outros textos, que os professores
da Universidade de Sorocaba (Uniso), Thífani Postali e Paulo Celso da
Silva lançam amanhã, no Chalé Francês. A entrada é gratuita.
O livro, que sai pela Paco Editorial, é um compilado de textos que foram
publicados no jornal Cruzeiro do Sul, mesclados a uma produção inédita
dos professores, e trazem a cidade e a comunicação como proposta central
do debate que abre várias frentes de discussões: No trânsito somos
todos estrangeiros; Manifesto para manifestar-se e A força do capital
erótico; por exemplo, são alguns dos títulos de autoria de Paulo Celso
da Silva no livro. Já O facebook e os muros das grandes cidades; Além
das campanhas da Coca-Cola e O hip hop mudou a minha vida, foram os
textos produzidos por Thífani e constam nessa seleção que conta com mais
de 30 títulos.
O nome do livro foi inspirado em um dos artigos produzidos em conjunto, A
miopia sobre o mundo e do outro, uma metáfora sobre a impossibilidade
de se enxergar a realidade com clareza, diante de tantas informações.
"Daí a proposta de lançar uma nova visão sobre o mundo, em especial,
sobre os assuntos que permeiam a vida em sociedade", defende Thífani.
Mestre em comunicação e cultura, é ela também quem explica a
naturalidade da opção em lançarem uma obra juntos, já que sua produção
de artigos sempre esteve vinculada ao Paulo Celso, doutor em geografia
humana e que foi seu professor na graduação e orientador no mestrado.
"Desde essa época (2009), peço orientações, opiniões e debato os
assuntos com ele. A obra materializa essa produção em conjunto, pois
parte dos artigos possuem o olhar de ambos", conta. Além da academia, os
professores também têm em comum o gosto pela música e, no lançamento de
logo mais, o público poderá conferir uma performance musical dos dois
também.
Leve mas intenso
"A ideia é fazer com que as reflexões saiam do círculo acadêmico e
alcancem outros públicos. O retorno é gratificante, pois recebo
comentários e ampliações das reflexões por e-mail, redes sociais e até
publicações em blogs diversos, de pessoas que leram e se identificaram
com o conteúdo", fala Thífani, sobre a experiência com a produção de
textos menos acadêmicos, mas não menos questionadores, e escritos de
forma sucinta, bem menores e mais objetivos do que as costumeiras
produções acadêmicas.
"O texto mais conciso é também mais dinâmico, rápido. Faz com que a
ideias sejam recebidas com uma velocidade diferente pelo leitor. E ele
responde nessa velocidade também, usando o site do jornal, os e-mails
que constam nas matérias. Diferente de um livro que primeiro passa pela
editora", defende também Paulo Celso.
Sobre essa questão, a também professora da Uniso, Míriam Cris Carlos que
é quem assina o prefácio da obra, reforça que os textos até podem
parecer leves, mas são reflexos de pesquisas de fôlego de ambos. "Paulo
Celso da Silva e Thífani Postali, neste livro, materializam aquilo que
considero como papel fundamental da academia, a construção colaborativa
do conhecimento, da crítica, de olhares múltiplos sobre o universo que
nos cerca e, especialmente, sobre as realidades que nos chegam,
recortadas pelas mídias. Eles nos fazem lembrar que os meios de
comunicação oferecem realidades parciais, signos e aspectos de culturas
multifacetadas, por nós assimilados e reproduzidos sem que compreendamos
devidamente", defende Míriam sobre o trabalho dos professores que
responderam às questões do jornal Cruzeiro do Sul que seguem abaixo:
Entrevista
Paulo Celso, de acordo com seus textos sobre as cidades, gostaria de
saber qual seu olhar sobre Sorocaba, e a importância de incitar no outro
esse olhar.
Paulo Celso: A cidade é um grande texto para ser lido e relido no
cotidiano. Toda alteração, por pequena que seja, altera tal leitura.
Sorocaba tem características bastante interessantes para observar,
estudar e socializar ideias. Sempre que ouço alguém falar : "quando
chegarmos a um milhão de habitantes..." , fico imaginando que
dificuldades toda essa gente terá para viver e conviver nos espaços da
cidade. Precisamos desenvolvimento, em todos os níveis, e não
crescimento. Se na Alemanha diziam, na idade média, que "o ar da cidade
liberta", queremos esse ar para Sorocaba. Mas isso é uma construção
diária de todos nós.
Thífani, suas pesquisas são retratadas no livro como uma tentativa de
leitura da contemporaneidade. Qual sua leitura desse momento,
principalmente da comunicação que vem das periferias da cidade, sob a
forma de música, grafite e manifestações a partir das redes sociais?
Thífani Postali: A vida em sociedade apresenta discursos diversos entre
os grupos considerados dominantes e dominados. Os discursos dominantes
ocupam os principais veículos de comunicação, definindo aquilo que deve
ou não ser dito. Logo as nossas referências sobre o que é certo ou
errado, bonito ou feio, o que vale e o que não vale, vem de um conjunto
ideológico pré-estabelecido, não restando meios para que discursos
diferentes ocupem o mesmo canal. Desta forma, os grupos dominados
procuram outras formas de comunicar seus anseios, suas ideias e
vontades, e é por meio das manifestações culturais que conseguimos obter
acesso a essas informações, seja num discurso de rap, num grafite,
frases pichadas e até a marcação de nomes e símbolos que tem como função
marcar o território urbano e mostrar ser parte desse universo. Essas
manifestações, principalmente as que apresentam discursos
críticos-sociais, têm sua importância em estabelecer outro olhar sobre a
vida em sociedade, de modo que dão "voz" aos grupos excluídos.
Qual o papel da mídia nessa leitura contemporânea do mundo? Como ser crítico mediante tantas informações ?
Paulo Celso: A informação é uma ferramenta muito importante para viver a
urbanidade. Porém, é necessário que os que habitam essa urbe tenham
seus próprios filtros, que sejam capazes de transformar tais informações
em conhecimentos e ações, caso contrário é ruído e não traz benefícios.
A crítica vem do constante exercício da reflexão, de propor perguntas
para a realidade imediata, de buscar comparações entre o existente e o
imaginado.
Serviço
O lançamento acontece amanhã, das 17h às 21h, no Chalé Francês,
localizado na Praça Maylasky, Centro, em frente à Estação Ferroviária. A
entrada é gratuita. A obra pode ser encontrada nos sites da Livrarias
Cultura, Saraiva, além da Paco Editorial, com média de preço a R$ 38.
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