A Academia Sorocabana de Letras e a Editora Annablume promoverão, no dia 03 de junho de 2011, no salão de eventos da FUNDEC (Fundação de Desenvolvimento Cultural de Sorocaba), a partir das 19h00, o lançamento do livro O PAGANISMO EM FERNANDO PESSOA E SUA PROJEÇÃO NO MUNDO CONTEMPORÂNEO, de autoria do poeta e ensaísta Ernesto Manuel de Melo e Castro que, a respeito da própria obra, diz o seguinte:
SOBRE ESTE ENSAIO (PALAVRAS DESNECESSÁRIAS)
Tenho quase oitenta anos. Idade suficiente para provavelmente, tudo o que é importante já ter sido feito, incluindo a escrita que iniciada com cerca de 16 anos, nunca, ininterruptamente, deixei de fazer, como complemento inseparável da leitura. Uma paixão só.
Este livro que contém um ensaio e alguns textos que lhe são anexos, seria desnecessário, se não pensasse que ele é, porventura, o meu melhor ensaio e o seu tema uma inusitada releitura de um autor que nunca me abandonou, sem no entanto me influenciar na criação da poesia. Os meus mestres são Camões e os poetas barrocos portugueses. Mas Fernando Pessoa, ele, andou sempre comigo na totalidade da sua obra em vários tipos de verso e em prosa. Sim, da prosa de teoria, porque é na prosa que se encontram os fundamentos da sua obra poética.
Quem me chamou a atenção para isso foi Ángel Crespo, quando realizava uma originalíssima compilação de textos em prosa de Pessoa, por ele traduzidos para o castelhano, sobre a noção de paganismo, fundamentando a invenção dos heterônimos e respectivas obras poéticas. O que permite, criticamente, dispensar como supérfluas e superficiais, as já usuais tentativas de explicação psicológica, psicanalítica, etc., etc., inclusive as dadas, por certo ironicamente, pelo próprio Fernando Pessoa aos seus contemporâneos.
Só anos mais tarde, já depois da morte de Ángel Crespo, compreendi a necessidade de estudar os muitos textos de Pessoa sobre paganismo e neo-paganismo, escritos entre 1915 e 1918, quase todos já publicados, até em edições críticas, mas que praticamente ninguém ainda estudou seriamente, quanto ao conteúdo teórico e poético, mas também sociológico e cultural, como eu penso que merecem. Foi desse trabalho que ninguém me encomendou, além de mim próprio, que resultou, após alguns anos de estudo, o ensaio que agora entrego à leitura de quem o desejar ler...
E.M. de Melo e Castro
São Paulo 2011-02-06
2. Minicurrículo do autor:
E. M. de Melo e Castro (Ernesto Manuel Geraldes de Melo e Castro )
Nasceu na Covilhã, Portugal, em 1932. Professor, poeta e ensaista. Formado em Engenharia Têxtil pelo Instituto Tecnológico de Bradford, Inglaterra em 1956, exerceu esta profissão paralelamente à de escritor, dedicando-se também ao ensino tecnológico e à publicação de manuais de tecnologia e design têxtil.
Doutor em Letras pela Universidade de São Paulo, 1998, onde foi Professor Colaborador e depois Professor Visitante na Área de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa, de 1996 a 2001, ministrando disciplinas de Graduação e Pós-graduação.
Pós-doutor pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Foi professor de cursos de Pós-Graduação na Universidade de São Paulo e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Em Portugal, lecionou na ESAP (Escola Superior Artística do Porto) e no Instituto Piaget (Almada).
Em Sorocaba, ministrou cursos de infopoesia na Academia de Ensino Superior de Sorocaba, fez comunicações em congressos na UNISO, onde também ministrou palestras, e participou de Seminários internacionais de literatura, patrocinados pela Academia Sorocabana de Letras e Prefeitura Municipal.
Praticante e teórico da Poesia Experimental Portuguesa nos anos 60, introdutor, em Portugal, da Poesia Concreta (IDEOGRAMAS, 1961), é considerado pioneiro da videopoesia (RODA LUME, 1968 ). Entre 1985 e 1989 desenvolveu na Universidade Aberta de Lisboa um projeto de criação de videopoesia denominado SIGNAGENS.
Sua poesia, de 1950 a 1990, encontra-se reunida no volume TRANS(A)PARÊNCIAS, Sintra, Tertúlia, 1989, livro que ganhou o Grande Prêmio de Poesia Inaset – Inapa de 1990.
O livro de ensaios VOOS DA FÉNIX CRÍTICA, Lisboa, Edições Cosmos, 1995, obteve o Prêmio Jacinto do Prado Coelho, da Delegação Portuguesa da Associação Internacional dos Críticos Literários.
Em 2006, realizou-se uma exposição antológica de 50 anos do seu trabalho visual-literário-tecnológico, no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto, com o título O CAMINHO DO LEVE.
Sua bibliografia ativa conta com 28 livros de poesia e 19 de ensaios de crítica e teoria literária.
Organizou várias antologias, entre elas a Antologia da Novíssima Poesia Portuguesa, em colaboração com Maria Alberta Menéres (4 edições esgotadas).
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