17 de fev. de 2013

O tempo é relativo



Gazeta de Votorantim - 16-02-13

Míriam Cris Carlos[1]

A Teoria da Relatividade, de Einstein, foi publicada em 1905. Trata-se de um conjunto de teorias científicas, a da Relatividade Restrita e a da Relatividade Geral. Com a publicação, Einstein conclui estudos anteriores, envolvendo nomes como Poincaré, Lorentz, entre outros.
O gênio da ciência relacionou o tempo e o espaço e redimensionou a idéia de gravidade, nunca antes questionada. O impacto de suas descobertas repercutiu a ponto do cientista se tornar um clássico que, como todos os clássicos, parece ter se popularizado, banalizado e distorcido.
A Teoria da Relatividade é bastante conhecida, mas não compreendida em toda sua complexidade, pois a grande maioria das pessoas ignora o seu conteúdo, sobrando, de tudo o que Einstein pesquisou, apenas a frase, esta sim, muito popular, mas que em muito se distancia da complexidade científica, “o tempo é relativo”.
Que o tempo é relativo é verdade, ninguém pode negar. Mas isto não tem nada a ver com Einstein, que também não poderia ser explicado aqui, em 2000 caracteres (e nem eu seria capaz de explicá-lo em 200.000 ou mais).  
O tempo ser relativo é do conhecimento popular, senso comum, não científico, mas mesmo assim verdadeiro, porque baseado na experiência cotidiana.
            Quem esperou um filho por nove meses, imaginando como seria o rosto daquele ser, ouvindo as pessoas dizendo: sete meses, já??? E pensando, sete meses ainda... sabe que o tempo é relativo. Quem esteve com um amor, olhando estrelas, e percebeu que o infinito mora num instante, sabe que o tempo é relativo. Quem esperou o resultado de uma prova decisiva, achando que se passaram milênios, e o resultado não vinha, sabe que o tempo é relativo. Quem teve de acompanhar uma reunião indesejada e sentiu que as horas se esticavam, sabe que o tempo é relativo. Quem ficou olhando o leite que estava para ferver e, ao virar as costas para socorrer a criança que se aproximava do fogão, viu que o líquido esparramou como por mágica, sabe que o tempo é relativo.
            O tempo é relativo para quem está doente ou são. Para quem está feliz ou triste. Acompanhado ou só. Dormindo ou acordado. O tempo é relativo para quem tem pressa e para quem apenas espera. Enfim, o tempo é muito relativo, porque, no fundo, a única certeza é a do agora. Aproveite bem seu tempo.


[1] Professora e pesquisadora do Mestrado em Comunicação e Cultura da Universidade de Sorocaba – UNISO.

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